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Reflexões | Superioridade

A natureza humana, infelizmente, nem sempre nos deixa ser da forma que desejamos: ou porque proferimos palavras dilacerantes, das quais nos arrependemos no segundo seguinte; ou porque magoamos inocentemente apenas porque somos mentecaptos e néscios; ou porque sentimos sentimentos que desejaríamos não sentir; ou porque somos dotados de características inatas que não quereríamos ter... A verdade é que todos ambicionamos ser diferentes em alguns aspectos do nosso ser. Os que se dizem contentes com a totalidade das suas características, ou são prolixamente egocêntricos e, por isso, não reconhecem que ninguém é perfeito; ou então consciencializaram-se das próprias imperfeições e aceitaram-nas como parte integrante da sua personalidade, encarando isso como uma fatalidade. Mas estes são aqueles que conseguem olhar-se de cima: os que conseguem fazer dos próprios olhos os dos outros e se conseguem enxergar sem ficarem absortos de olhar para o próprio umbigo. Quantas vezes ficamos a remoer, conscientes de que estamos errados, e num acto de cobardia não assumimos um pedido de perdão devido? Com certeza escrevo que muitos de vós já fizeram isto... e continuam a repetir. Pois bem, cheguei onde queria. Porquê que se repete um erro? A resposta mais óbvia é também a mais correcta: porque não se reconhece esse procedimento como sendo errado. E não é reconhecido como tal devido, entre outros motivos - mas é este que me interessa abordar-, à necessidade de superioridade que cada um manifesta no seu quotidiano a partir de diferentes actos. Pode parecer estranho, mas, segundo Thomas Hobbes, «O riso é um tipo de glória repentina». Ou seja, segundo este conhecido filósofo, um simples sorriso pode ser tomado por uma atitude altiva, pois o prazer implícito num sorriso advém da sensação de superioridade sobre as pessoas que fazem rir. Também Fernando Pessoa escreveu «O riso insulta-me por existir (...)». Admitindo alguma veracidade nesta teoria, constactamos que, até pelo mais básico e simples gesto humano, nós demonstramos a remoque a necessidade de superioridade. Nós somos animais, racionais porque pensamos, mas animais; e como em todas as espécies de animais, só sobrevivem os mais fortes, os superiores. Nós, como todos os animais, sentimos necessidade de superioridade para nos demarcarmos dos nossos semelhantes; e, a meu ver, é essa a razão fundamental para que sejamos néscios e mentecaptos, não assumamos o pedido de perdão devido; enfim, o motivo pelo qual não damos “o braço a torcer” e continuamos a não querer admitir e alterar as nossas “imperfeições”.

Hugo Luís

Imagens | Logotipo da Faculdade de Direito da UL

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Imagens | Faculdade de Direito de Coimbra

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